Transcrição do terceiro artigo sobre SEO, escrito para a Revista Programar n.º 37.
Cá estamos de volta para mais um artigo sobre este fascinante tema que é o Search Engine Optimization – SEO. Para os que lêem este artigo pela primeira vez, e em especial os que desconhecem o tema, convido-os desde já para uma breve leitura das Edições n.º 34 e n.º 36 da Programar, mais concretamente os meus dois artigos que fazem a introdução ao conceito de SEO.
Agora que já estamos mais familiarizados com o SEO, iremos finalmente começar por falar mais a sério sobre o tema e colocar as mãos à obra. Ao escrever este terceiro artigo parto do princípio que já conhecem conceitos como PageRank, SERPs, robots, crawlers, etc. Uma vez mais recomendo algum background, pois as técnicas de Search Engine Optimization são muitas e diversas, e apenas combinando bem estes tópicos é que conseguimos que a sua “magia” funcione.
Mas por onde começar?
Bem, como em tudo na vida, pelo princípio! No SEO também devemos começar pelo princípio, ou pelo menos quando isso ainda é possível, o que nem sempre acontece, como já irão perceber. Quando me refiro ao início, refiro-me claro está à construção de um site. O SEO é, como já vimos anteriormente, um conjunto de técnicas que aplicamos em websites visando a melhoria do seu posicionamento e visibilidade face ao Google e a potenciais visitantes oriundos dos seus resultados das pesquisas na internet. Nada melhor do que aplicar todas estas técnicas na génese do projecto, algo que nós Webdesigners e Consultores de SEO sabemos que infelizmente raramente acontece, pois os responsáveis pelos portais só “acordam” para esta necessidade quando os sites já estão em produção. Neste último caso apenas conseguimos intervir no que ainda é possível, embora fiquem descansados que ainda podemos resolver e optimizar um grande número de “variáveis” SEO. Tal como na construção de um edifício, onde se conseguirmos optimizar a sua eficiência energética quando o projecto ainda está no papel, poupamos imensos recursos e certamente que teremos que partir menos paredes. Perceberam a ideia? No SEO o problema é semelhante, se bem que neste caso as nossas paredes são páginas web e os tijolos são as linhas de código que lhes dão vida.
Isto tudo far-vos-á mais sentido se vos der exemplos concretos. Imaginem dois simples casos-cenário: No primeiro, iremos desenvolver um portal de vendas online de pneus, com tudo o que tem direito em termos de SEO; No segundo caso iremos optimizar um já existente, cujo domínio já fora escolhido pelo seu empresário, adoptando as iniciais do seu nome, ou as mesmas que constam no registo da sua empresa, a Miguel Lopes e Filhos Lda. (apenas a título de exemplo…não tenho nada contra este senhor J ), ficando: www.ml-filhos.pt. Acham mesmo que este domínio irá trazer muito “sumo” SEO para o site? Para quem procurar nos motores de busca por “filhos”, talvez mais tarde venha a tropeçar muitas vezes neste site, mas ao visitá-lo, depressa se arrependerá, fazendo disparar a Taxa de rejeições, outro termo que iremos abordar nesta série de artigos, que muito simplisticamente significa que regista a percentagem de visitantes que depressa abandonaram o site, por não ser de todo o que procuravam. Sim, esta é uma taxa muito má! Tal como muitas outras taxas que por aí se anunciam, mas não entremos por aí agora…
Voltando agora ao primeiro cenário, aquele que nos possibilita desenvolver o portal desde o seu início, e onde por exemplo podemos escolher o seu nome do domínio. Já estão a ver onde quero chegar? É aqui que reside a grande vantagem de começar tudo do zero, pois mesmo a simples escolha de um nome de domínio, rico em keywords (palavras chave que descrevem o seu conteúdo), terá a prazo um enorme impacto no potencial SEO dos vossos sites. Diria até que a escolha do nome do domínio é um dos passos mais críticos para o sucesso da optimização SEO de um website.
Voltando então ao cenário 1, para uma loja de pneus convém adoptar um domínio que descreva da melhor forma o propósito do site: vender pneus. Não me querendo alongar muito nas keywords, até porque irei dedicar um artigo completo sobre elas, o que deveríamos de fazer em primeiro lugar seria analisar muito bem o foco da actividade comercial do nosso cliente. O consultor de SEO tem que, e em primeiro lugar, conhecer muito bem o negócio do seu cliente e a actividade ou o propósito do site que irá optimizar. Esta é uma das regras de ouro no SEO. Outra boa prática não menos importante, é a de conhecer o público-alvo. Não digo que isto signifique que, no caso particular de uma loja de peças auto, tenhamos que conhecer, quer seja pela sua medida ou especificação, cada pneu colocado à venda, mas temos que ter uma visão ampla do ramo, pois iremos necessitar desse conhecimento para orquestrar toda a nossa estratégia de SEO. E isto não tem apenas importância na escolha do domínio, mas em toda a estrutura portal, como vamos perceber de seguida.
Neste caso específico, ou em outros projectos de SEO, convém realizar uma série de entrevistas ao cliente que nos encomendou o serviço de optimização, visitar o armazém, as instalações, etc. Sejam meticulosos, exaustivos e até “chatos” se necessário! Falem com funcionários e clientes! Possuir um espírito pró-activo é meio caminho andado para o sucesso.
Imaginando que neste cenário fiz esse trabalho de casa, fiquei certamente a saber que uma loja de pneus os vende para vários modelos de viaturas: Automóvel; Camião; Tractor, Empilhador, etc. Só com este conhecimento básico já consigo montar uma estrutura simples para o meu site, no que diz respeito às suas categorias, que poderá ter a seguinte forma:
Reparem agora na “magia SEO” que poderá surgir de seguida. Ainda não escolhemos o nome do domínio e sabemos já que temos de escolher um nome que o enriqueça de keywords, mas que seja curto o suficiente para que não perca na vertente de usabilidade (outro factor importantíssimo que não podemos descurar) e resulte em termos de marketing. Por vezes as melhores soluções são as mais simples e por isso vou pegar na palavra “pneu”, o foco essencial do negócio. Mas o que falta ponderar? A vertente do lado do utilizador que procura pneus para camião, nos motores de busca da internet! Ora colocando-nos no seu lugar, o que introduzimos no campo de pesquisa do motor de busca, quando procuramos por lojas de pneus? Talvez: “pneus para camião”…mas não podemos escolher este nome, pois se ficasse www.pneus-para-camiao.pt, (nota: caso algum destes exemplos já exista, é por mera coincidência – tento sempre escolher exemplos que ainda não existam, pelo menos na data da escrita do artigo) por exemplo, deixaríamos de fora os que procuram pneus para outros tipos de viatura. E que tal www.pneus-para.pt? Pode parecer uma ideia sem nexo, mas reparem que se pensarmos um pouco mais “longe”, como pode resultar este domínio conjugado com a estrutura definida anteriormente: www.pneus-para.pt/camiao.html; www.pneus-para.pt/tractor.html; www.pneus-para.pt/automovel.html…etc. Perceberam a jogada? A estrutura do site, em conjunto com o nome rico em palavras-chave, gera frases que são muito próximas aos termos introduzidos no campo de pesquisa, maximizando a hipótese do motor de busca escolher o nosso site/página, e de o apresentar em primeiro lugar ao cibernauta.
Para além de possuirmos um nome de domínio rico em palavras-chave relativas ao nosso negócio, este domínio conjugado com a estrutura do site, traduz-se num aumento de potencial enorme no que diz respeito ao SEO das páginas. Agora convém também testar a vertente de usabilidade e de marketing. Será que o nome cativa? Bem, aqui fica ao critério de cada um. Nada como propor uma reunião com o departamento de marketing da empresa e realizar um bom brainstorming. Mas atenção, como consultores SEO, tentem sempre estar presentes e alertar os marketeers ou os decisores, para os prós e contras de cada opção escolhida. Pesem sempre bem as vantagens e desvantagens e escolham uma opção de compromisso. Existem ferramentas que nos ajudam na escolha das keywords com mais “peso” para os motores de busca, assim como as que possuem uma maior concorrência, mas deixarei este tópico para o artigo específico, pois iria alongar muito este. Depois de perceberem como tiramos partido dessas ferramentas para a escolha das melhores palavras-chave, ainda se tornará mais fácil escolher o nome de domínio para o vosso projecto.
Domínios e TLDs
Agora que já esclarecemos este ponto crítico no nosso processo de SEO, o da escolha do nome do domínio, convém também falar dos TLDs (top-level domains). Os TLDs são os domínios que estão no topo ao nível hierárquico do Domain Name System (DNS). São exemplos de TLDs o .pt; .com; .co.uk, etc.
Como podem visualizar na imagem anterior, estes podem dividir-se em dois grandes grupos, um relativo aos TLDs genéricos, e o outro aos TLDs que representam países. Porque vos falo neste tema que mais parece saído de uma aula de redes? Porque a escolha do nome do domínio implica a escolha de um TLD e este também tem importância para o SEO do nosso site.
Se pretendemos criar um site que tenha um público-alvo específico de um determinado país, devemos escolher o seu TLD respectivo, o que no caso de clientes residentes em Portugal seria o .pt. Se por outro lado pretendêssemos um site mais virado para um público inglês, a escolha mais acertada seria talvez o .co.uk. Digo talvez porque ainda temos o grupo dos TLDs genéricos e estes podem ocupar o lugar dos anteriores, se quisermos indicar aos motores de busca e potenciais clientes qual a natureza do nosso site, de acordo com a seguinte notação, que embora não seja obrigatória, deve ser respeitada:
TLDs genéricos (ou gTLD) | Descrição |
.com | É o mais popular e generalista. Pode ser utilizado por qualquer tipo de site. Também indicado para sites de comércio. |
.net | Também é generalista e costuma ser escolhido quando a opção .com já se encontra escolhida. |
.org | Destinado a organizações, quer sejam com ou sem fins lucrativos ou até comerciais. |
.edu | Muito utilizado pelas organizações de ensino, em especial as dos EUA. |
.gov | Reservado a instituições governamentais |
.biz | Utilizado por organizações orientadas a actividades comerciais e de negócios. |
Existem ainda outros, como o .info, ou .mil, sendo que na internet poderão facilmente encontrar mais informação sobre assunto. Aqui a minha chamada de atenção vai para o facto de que ao contrário do que muitas pessoas pensam, existem mais opções do que o tradicional .com ou .pt, e que estas deverão ser escolhidas com parcimónia.
Por fim quero falar de outros aspectos a ter em conta, como o serviço de alojamento web a contratualizar, bem como a sua localização geográfica. Uma vez mais, devemos pensar a médio/longo prazo na escolha da empresa que nos irá fornecer o alojamento do nosso portal. Geralmente os decisores optam pelas soluções mais baratas, o que nem sempre será a opção mais acertada. Escolham sempre empresas que vos dêem garantias de fiabilidade e confiabilidade, bem como não podem ser descuradas as questões ao nível da performance do servidor e velocidade de acesso/latência da ligação ao mesmo. Um serviço barato pode por vezes esconder uma velocidade de acesso lenta, ou um servidor web “atascado” (overselling), traduzindo-se numa má experiência para o utilizador e numa possível penalização por parte dos motores de busca, como iremos também ver em artigos futuros, pois estes também medem a performance destas métricas anteriormente faladas.
A localização geográfica do servidor é um aspecto cada vez menos relevante nos dias de hoje, até porque as maiores empresas de serviços de hosting já tiram partido do poder da Cloud, tornando quase residual o impacto da localização do datacenter no desempenho de um site. Contudo, este factor residual pode ser sempre minimizado se optarmos por colocar o nosso site num servidor mais próximo do nosso público-alvo, ou em vários servidores, repartidos por diferentes zonas geográficas (melhor cenário). Mais uma vez e a título de exemplo, temos empresas de hosting norte-americanas que praticam preços fabulosos, comparando com as que operam deste lado do Atlântico, mas será que não iremos ser penalizados por latências elevadas, em especial nos chamados períodos de “hora de ponta”, em que as ligações entre os continentes, embora cada vez mais rápidas, por vezes congestionam? Certamente que sim. Se bem que no campo dos crawlers e robots não teremos impacto, em princípio, pois os seus servidores estão localizados geograficamente no mesmo continente, para os clientes a experiência de utilização pode ser desastrosa, pois nos dias que correm, ninguém gosta de “desesperar” perante uma página que demora demasiado tempo a carregar.
Existe um último assunto para o qual vos quero alertar, já que falamos na escolha do serviço de alojamento web, que é o tipo de alojamento/servidor que vamos contratar. Desaconselham-se serviços partilhados (shared hosting). Estes servidores concentram em si várias outras contas e sites, de clientes diferentes, o que pode afectar tanto a performance como a reputação de um site. Um bom exemplo disso é o que acontece quando temos o azar de alojar um site no mesmo servidor onde estão alojados sites menos “fidedignos”. Como partilhamos por exemplo o mesmo endereço IP, corremos o risco de “pagar o justo pelo pecador”, podendo até num cenário extremo, ver o nosso site blacklisted ou os emails barrados por spam no destinatário.
Muito mais havia a esmiuçar sobre todos estes conceitos que hoje aqui vos falei. Como já perceberam o SEO é um tema tão vasto e interessante, que muitas páginas se podem escrever sobre ele. Muitas mais tenho para vos dar a conhecer, em próximas edições da Programar! Até lá, sempre que precisem de uma opinião ou de ajuda nalgum problema ou projecto, sintam-se livres de me contactar.